As cidades médias brasileiras estão mais ricas e globalizadas. Apesar disso, enfrentam problemas urbanos e sociais típicos das grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. O ‘boom’ econômico pegou os municípios de médio porte despreparados em termos de infraestrutura, serviços públicos e planejamento, mostra a reportagem de capa da revista Unesp Ciência deste mês.

“A infraestrutura das cidades médias não acompanhou o crescimento, especialmente em relação às redes de esgoto e saneamento”, diz Diana Mota, coordenadora de Política Urbana do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea). Além disso, prossegue ela, “é preciso evitar a favelização com programas de habitação de interesse social e melhorar a mobilidade urbana”.

A reportagem traz resultados dos estudos da Rede de Pesquisadores de Cidades Médias (ReCiMe) e destaca os municípios de Marília (SP), Uberlândia (MG), Passo Fundo (RS) e Mossoró (RN), que na última década turbinaram seu PIB (produto interno bruto) devido à intensa expansão da atividade industrial, atacadista, agrícola e petroleira, respectivamente.

Mas os benefícios da prosperidade econômica não estão sendo distribuídos de forma equânime entre seus habitantes, mostram as pesquisas. Péssimas condições do transporte público e excesso de carros e motos nas ruas, forte especulação imobiliária e déficit de moradia são alguns dos problemas que essas cidades enfrentam atualmente.

A coordenadora da ReCime Maria Encarnação Beltrão Spósito, da Unesp em Presidente Prudente, alerta, no entanto, que tentar entender a situação desses municípios com base em comparações com as grandes cidades seria um equívoco. “Cidades médias não são metrópoles menores”, frisa ela. Os estudos da rede esmiúçam o cenário em seus aspectos positivos e negativos e podem inspirar novos caminhos e soluções, além de fomentar o debate público neste ano de eleições municipais. Veja outros destaques desta edição:

Terras raras
Uma reportagem sobre a guerra pelas terras raras. Esses elementos químicos que estão meio escondidos na tabela periódica são essenciais para a indústria de alta tecnologia e estão no centro de uma disputa na Organização Mundial do Comércio. No Brasill, onde ficam as maiores jazidas potenciais, cientistas estudam meios de exploração menos agressivos ao ambiente.

Óleo ao mar
Para proteger o litoral paulista de possíveis vazamentos de petróleo no mar, um grupo de Rio Claro elaborou mapas de sensibilidade dos ambientes costeiros, que vão orientar a Cetesb em operações de emergência.

Tribo urbana
Psicólogo de Assis estuda o espírito comunitário e conservador de um motoclube da zona leste da capital paulista, onde violência e uso de drogas são repreendidos e o ingresso de mulheres e ateus é vetado.

Sucata eólica
Energia gerada pelos ventos também tem impacto ambiental. As pás que movem as turbinas precisam ser trocadas a cada vinte anos, gerando toneladas de resíduos praticamente indestrutíveis.

Um físico entre o céu e a terra
O perfil de Ruben Aldrovandi: um misto de visionário em área de fronteira e cientista pé no chão que esteve à frente do Instituto de Física Teórica numa época crítica para a pesquisa brasileira e é reconhecido hoje como o teimoso que ajudou a fazer do IFT um centro de excelência.