Os estudos sobre as relações sociais de gênero e lutas de classes no Serviço Social ganham uma força substancial com essa obra de profunda leveza, coerência teórica e compromisso político. Temos em mãos uma fabulosa colaboração à crítica sobre a realidade de opressão e dominação às mulheres e sua relação com o processo de acumulação capitalista, particularizado no debate sobre a divisão sexual do trabalho e seus rebatimentos na organização societária e no Serviço Social. Mirla Cisne nos apresenta uma análise sócio-histórica e ideopolítica das determinações da emergência e desenvolvimento do Serviço Social até a contemporaneidade, apreendendo os desafios que são postos à formação e à intervenção profissional no sentido de reconhecer, analisar e intervir no âmbito das expressões da questão social, considerando nessas, a particularidade das mulheres que, por sua vez, é compreendida na perspectiva de totalidade. Nessa orientação metodológica a autora defende de forma contundente a aproximação teórico-política entre feminismo e marxismo ao afirmar que no âmbito do capitalismo, nem homens e nem mulheres podem alcançar a sua liberdade substantiva. Ao mesmo tempo, a autora nos induz a uma atualização da força teórica da categoria patriarcado e das relações sociais de gênero que são apresentadas como ferramentas analíticas essenciais das dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa da profissão. Por fim, neste livro encontramos temas que são fundamentais para se problematizar e desnaturalizar a marca de gênero [feminina] do Serviço Social, tanto no âmbito da composição social da categoria profissional, quanto do seu público usuário. Para tanto, a autora desvela as principais determinações e implicações dessa marca, buscando contribuir com a continuidade do processo de renovação do Serviço Social e com o fortalecimento do compromisso profissional com uma sociedade de igualdade e liberdade.