Alda Garrido lança luz sobre uma personalidade de contornos artísticos muito mais amplos do que aqueles que registros de imprensa e verbete fixaram. Revelando As Mil Faces de uma Atriz Popular Brasileira, Marta Metzler nos desnuda uma intérprete de criatividade irreverente e de inquietude produtiva, que não era uma plasmadora de personagens, mas, antes, uma compositora de suas cenas, criadora e regente da articulação espaçotemporal que compunha as suas atuações. A carreira intensa e bem-sucedida por si só já justificaria sua inscrição na história do teatro brasileiro, mas seus traços peculiares ainda suscitam discussões relevantes para o pensamento acerca da nossa cena teatral. Sua notoriedade como intérprete de personagens caipiras; sua vinculação à tradição cômica popular; sua relação de artista com o público; sua relação de empresária com a bilheteria; seu modo de exercer a função de atriz, operando no que podemos chamar de regime estelar de atuação, em que a celebração do ator está à frente da fruição espetacular; são todas características que dizem respeito não apenas a Alda Garrido, mas a uma gama considerável de atores brasileiros, seus pares. Foi uma atriz autoral.