Os poemas aqui coligidos, em sua grande maioria, vão ao encontro de imagens do mar. E uma das formas poéticas mais usadas pela autora é a da canção - 'Pequena canção da onda', 'Canção da menina antiga', 'Canção mínima', 'Canção da tarde no campo', 'Pequena canção', 'Canção dos três barcos', entre outras. Tendo herdado a linguagem musical e cadenciada do simbolismo, e procurando depurá-lo, o lirismo de Cecília Meireles segue em direção à melancolia e ao sentimento da saudade do tempo que passou. Os poemas sugerem uma reflexão sobre a fugacidade da vida, a descrição do real e a preocupação com a falta de sentido da existência, bem como a ênfase na condição solidária do homem. A profusão de interrogações em boa parte dos poemas insinua o caminho escolhido pela autora para tocar a complexa sinfonia da vida; é preciso indagar para se encontrar no mundo. Para tal exercício, a modinha, a canção e a cantiga são algumas das formas poéticas aqui magistralmente orquestradas. Com efeito, a musicalidade latente é um dos elementos deste livro que, publicado em 1942.
Redes Sociais