Em tempos tão difíceis, marcados pela polarização ideológica e pelo lugar que as mídias ocupam nesse processo, a publicação do livro de Alexandre Busko Valim, O Triunfo da Persuasão, permite que o leitor compreenda em perspectiva histórica o momento presente.
Em primeiro lugar, ao estudar o emprego do cinema no Brasil como instrumento de persuasão política pelos Estados Unidos durante o período da chamada política da Boa Vizinhança no decorrer da Segunda Guerra Mundial, o autor nos demonstra modus operandi do imperialismo midiático: suas estratégias de mapeamento e controle do mercado, suas ações e seus objetivos de dominação.
Ao pensar o lugar das imagens como meio de convencimento e imposição de um projeto ideológico, Valim aponta as questões de método necessárias ao exame desta relação entre arte e política, problema que é central no mundo contemporâneo.
Para os historiadores dedicados ao estudo dos anos 1940 no Brasil, tanto do cinema aqui realizado quanto da diplomacia cultural, a contribuição de O Triunfo da Persuasão pode ser considerada um marco, fruto de uma detida incursão na vasta documentação do National Archives em College Park, Maryland, nos Estados Unidos. O Triunfo da Persuasão consolida desta maneira um campo de estudos, o da história social do cinema, tendo à frente as pesquisas empreendidas por Valim na Universidade Federal de Santa Catarina, desdobradas em livros, artigos, teses e dissertações por ele produzidas e orientadas.