Quais os reflexos das mudanças nas relações de trabalho ocorridas com a ampla reestruturação produtiva dos últimos vinte anos e com a globalização da economia? Este livro propõe uma análise baseada no estudo dos "times" ou "células de produção" implantados em setores tão diversos da indústria brasileira como o químico-farmacêutico e o de confecções.
A abordagem incorpora o debate teórico recente realizado na França — que antecipa questões que ainda estão surgindo em nosso país — buscando sistematizar criticamente conceitos que deem conta das novas tendências do mundo do trabalho, como a flexibilização dos contratos, a redução da jornada de trabalho, os regimes de emprego em tempo parcial e a discussão sobre as competências.
O que se observa é um paradoxo: mais do que um mero rearranjo na organização das empresas para buscar mais competitividade, e contrariamente ao que o nome sugere, o trabalho em grupo dissolve as fronteiras entre o público e o privado, introjetando nos próprios trabalhadores padrões de comportamento que os afastam cada vez mais dos vínculos sociais coletivos. O reverso da moeda da maior autonomia e participação do empregado é a transferência do foco das relações trabalhistas — e pessoais — para dentro das empresas, e a substituição da solidariedade de classe por um fenômeno aqui chamado de sociabilidade privada.