O grande contingente de crianças em idade escolar encaminhado para atendimentos em Saúde Mental tem sido sistematicamente apontado como um problema que tem por trás lacunas e vieses de um sistema escolar de baixa qualidade. Os profissionais de Saúde Mental, por sua vez, geralmente têm respondido a tais encaminhamentos com procedimentos de diagnóstico e tratamento que não levam a consideração o contexto escolar e, menos ainda, nele intervêm. Inadvertidamente patologizam e favorecem a estigmatização daqueles que não se ajustam à escola que temos. Foi na busca de uma atuação crítica e conseqüente, que superasse tais práticas equivocadas e mistificadoras, que se desenvolveram os trabalhos relatados e discutidos neste livro. Registra-se aqui uma experiência em Saúde Mental voltada à Educação que se desenrolou basicamente do final de 1993 ao início de 1996, numa região de concentração de classes populares e excluídos sociais da cidade de São Paulo, envolvendo diversos níveis hierárquicos das redes públicas da Educação e da Saúde, dentro de um espírito de integração e enfrentamento de questões comuns a ambas as áreas, principalmente as relativas ao fracasso escolar de crianças e adolescentes que atendem.