O livro se originou de uma inquietação pessoal da autora vivida na fase de transição entre a vida escolar, orientada sob o sistema de meritocracia, e a entrada no mercado de trabalho na década de 1980 - justamente quando a sociedade passava pelo processo de desregulamentação e o trabalho voltava a ser matéria exclusiva das disponibilidades e interesses de mercado, sem necessariamente contar com a proteção do Estado ou de entidades de classe. O esforço pessoal em compreender as novas relações entre trabalho e capital ao final do século XX conduziu a autora a observar a ampliação dos serviços financeiros no cotidiano da sociedade moderna. Nesses termos, o trabalho parecia assumir uma forma mais próxima a um título negociado no mercado aberto, fragmentado e volátil. Novas estruturas de comunicação desenvolvidas pelo mercado financeiro seduziram uma sociedade, do Estado ao cidadão, multiplicando a capacidade de consumo para além dos limites da renda obtida pela produção e pelo trabalho. As novas estratégias desenvolvidas pelo mercado de capitais se associaram ao crescimento econômico dos países, ao desenvolvimento das empresas e à renda do cidadão de forma significativa. O principal desafio deste livro é desmistificar a projeção do mercado financeiro sobre o desenvolvimento econômico e sobre o cotidiano da sociedade, procurando determinar a medida que o fenômeno pode ser visto como estrutural e irreversível ou como resultado da desatenção de um sistema. A obra também procura isolar avaliações que se originam de preconceitos morais ou advogam a favor de orientações políticas, que em nada contribuem para o desenvolvimento de novas estruturas de controle adequadas e compatíveis com a dinâmica imposta por uma nova realidade. Nessa nova realidade, a economia pode ter modificado a necessidade de envolvimento com o mercado financeiro e de capitais, tornando a determinação dos direitos e limites dessa relação um direito civil da sociedade moderna.