Tradicionalmente é muito comum se pensar a fotografia das cidades como algo essencialmente documental, uma imagem objetiva. Esta é uma percepção que remonta às próprias origens da arte fotográfica. Ao que se intenta o uso da fotografia como documento, sempre terá como resultado parte da realidade, uma realidade fracionada.
Nesta obra, Antologia fotográfica, Urbs Brasil 2017, cidades em tons de cinza, a fotografia transcende o mero factual, uma vez que o processo fotográfico é uma multiplicidade de fatores e atores, o resultado é uma representação criada pelo fotógrafo. O caráter subjetivo da fotografia é a tônica esta Antologia Fotográfica. Envolve parte da realdiade social, através do olhar do fotógrafo ao examinar o tema, objeto da fotografia. Uma sensível amostragem da vida nas cidades, a fotografia como produto de uma cultura e um olhar únicos.
Um admirável mundo novo, uma quantidade de imagens que nos rodeiam e exigem a nossa atenção cada vez mais. A pluralidade das cidades, fachadas, ruas, placas e luminosos. Tudo, ou quase tudo, parece ter sido fotografado. Esta insaciabilidade do olhar fotográfico altera os termos, o nosso mundo. A ensinar-nos um novo código visual, as fotografias transformam e apliam as nossas noções do que vale a pena olhar e do que pode ser observado. São uma gramática e, mais importante ainda, uma ética da visão.
A forte presença do elemento humano nas imagens, torn a as cidades ainda maiores, cada vez mais engolindo o homem, outras vezes agigantam o próprio homem, quando este é o centro de interesse, possuindo a capacidade de transmitir as emoções contidas no instantâneoa. É neste momento que a técnica se une à sensibilidade, para que a fotografia conte uma boa história. É a fotografia como forma de retratar a vida, do particular para o geral, as dinâmicas das sociedades através de novas maneiras de ver o mundo.