Há um aspecto mágico na produção dos objetos técnicos: algo sempre escapa ao contrato previamente acertado (segundo o qual o homem é o único dono da iniciativa). É comum que esta "falha" torne-se uma resposta a uma pergunta que havia sido feita sem perceber, e por isso não cai no vazio. Uma vez concluído o projeto, uma vez codificado e designado o objeto, espera-se que este então tome a palavra, que atenda à súplica de Michelangelo. É o antigo sonho de uma máquina plena, enunciadora, que está presente na constante evolução dos sistemas computacionais. A operação destas máquinas começa na dissociação entre o objeto e sua face. Em seu lugar aparece uma multiplicidade que a sua estrutura não explica, um caminho a ser percorrido. Não é a operação que põe a máquina em funcionamento; um suposto funcionamento autônomo é o que justifica a sua existência.