O nome de Paulo Pontes é conhecido por todos que se interessam pela história do teatro no Brasil: Paulo fez parte de uma geração de dramaturgos que deram ao teatro brasileiro uma dimensão política jamais vista, e que ainda está por ser resgatada nos dias de hoje. Sua peça mais conhecida, "Gota d’água" — escrita em parceria com Chico Buarque e também publicada pela Civilização Brasileira — é apenas parte de um legado artístico e cultural que a publicação, em dois volumes, de "TEATRO DE PAULO PONTES" pretende revelar. Este primeiro volume reúne o musical "Brasileiro, profissão esperança" e as comédias "Um edifício chamado 200" e "Dr. Fausto da Silva".
O show musical "Brasileiro, profissão esperança" é baseado na obra de Antônio Maria e Dolores Duran, de unidade temática indisfarçável. Ambos surgiram na vida musical nos anos 50, época em que o mundo absorveu as transformações de comportamento impostas pelo pós-guerra, incorporando novos usos, desusos e costumes. Trata-se de um retrato emocionalmente rico de uma época, de uma celebração que restitui a corações e mentes um pouco do passado que, curiosamente, no palco, recompõe o sonho afetivo de muitos. "Um edifício chamado 200", de 1971, conta a história ao mesmo tempo hilária e trágica de um malandro tipicamente brasileiro que aposta tudo num bilhete de loteria, numa clara alusão ao culto da ascensão social fácil em nosso país. Já "Dr. Fausto da Silva", escrita em 1972, expõe os bastidores de um programa de televisão, em que não há ética nem limites quando se trata de arrebanhar alguns pontos a mais no Ibope. A atualidade da peça, em tempos de ratinhos, leões e faustões, é impressionante. O livro tem apresentação de Paulo Albuquerque Melo, professor de literatura e amigo de infância de Paulo Pontes.