Publicado unicamente em 1923, Nunca mais... e poema dos poemas foi o segundo livro de Cecília Meireles. Marcado por aspectos que mais tarde preponderaram em sua obra poética – sentimento do exílio e incessante busca do sentido da existência – essa segunda edição traz a apresentação de Luciano Rosa, pesquisador de literatura brasileira do século XX. A produção inicial de Cecília Meireles revela-se capaz de despertar interesse não apenas como documento de alguma pré-história literária. Ao longo dos anos sua produção lograria, sobretudo a partir da obra Viagem (1939), a levantada estatura que lhe garante posição de destaque na lírica brasileira do século XX. No entanto, não se deve perder de vista que nos versos da juventude está semeada a poesia da maturidade. A obra é marcada pelo penumbrismo, tendência literária ligada à transição entre fim do simbolismo e início do modernismo, de poetas tentados pela sombra, fascinados pelo mistério e com textos carregados de melancolia. Composto por 42 poemas (21 em cada conjunto), o livro emana um estado de espírito em que mescla tristeza, desencanto, renúncia e resignação. A sua misticidade está associada à filosofia e à cultura orientais, pelas quais Cecília cultivava notória predileção, tendo publicado, inclusive, uma obra inteira especialmente voltada a esse interesse, Poemas escritos na Índia (1961). O primeiro conjunto do livro, Nunca mais..., reflete um pouco o intenso aprendizado musical resultante do período em que a poeta estudou no conservatório de música durante a sua adolescência. O segundo conjunto, dividido em três partes, dedica e nomeia poemas às diversas sensações e situações, como Poema da Fascinação, Poema da Despedida, Poema da Solidão e Poema da Saudade. [...] Quero deixar-te, quero esquecer-te, quero perder-me no meu abandono... Quero dizer-te adeus [...] “Poema da Despedida”
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