'Custa algum esforço imaginar que a mesma pessoa tenha sido professor eclesiástico em 1790, já em 1792 saqueador de igrejas, em 1793 comunista, cinco anos depois multimilionário e outros dez anos mais tarde duque de Otranto', abisma-se Stefan Zweig. Um único partido mereceu a lealdade de Fouché até o fim de sua vida - o mais forte, o da maioria. Durante o combate ele não estava com ninguém; no final do combate, alinhava-se com o vencedor. Os girondinos caíram, ele ficou; os jacobinos foram expulsos, ele ficou; Fouché sempre ficou - sempre disposto a abrir mão de qualquer caráter ou convicção. Atento à diferença entre um protagonista de bastidor e um personagem secundário, Zweig identifica em Fouché o protótipo do diplomata. Com imbatível talento narrativo, oferece aqui um perfil psicológico do homem político, investigando essa carreira construída atrás do palco principal, buscando descobrir o segredo de sua força. Complementa o livro um afiado posfácio de Alberto Dines, maior especialista em Stefan Zweig entre nós, que situa o livro no tempo e na obra de Zweig e aponta as perigosas semelhanças com a atualidade.