O percurso do livro é marcado pelos descomedimentos da experimentação clínica e pelas perturbações que advêm de suas vizinhanças, como o encantar-se com a trajetória dos filósofos, dos poetas, dos autores e atores cotidianos, afeiçoados ao diverso e que, amalgamados, constroem e se apropriam de incontáveis analisadores, engendrando o exercício "clínico-político" no/do contemporâneo. São destacadas quatro passagens: a problematização do que se chama, em acordo com Gilles Deleuze, de uma "imagem clássica do pensamento" em que pensar significa conhecer, representar, estabelecer causa através da ordem. Porém, segue em direção àquilo que Félix Guattari chamou de "paradigma estético" visando abrir outras passagens, para que algo do plano sensível se torne, dizível, vivível. Em seguida, o desdobramento da ideia de "expressividades" na clínica: efetuações do "corpo-pensamento" que não dizem respeito à manifestação criativa de um eu, mas aos acontecimentos clínicos, desalinhados que "sobrevoam os corpos". Uma terceira passagem sustenta a ideia de que essas expressividades se constituem na superfície dos acontecimentos clínicos a partir do ilimitado movimento de ser afetado e afetar. Por último, são sublinhados alguns enlaces e embates que, a partir desses três primeiros movimentos, abrem outro repertório de problematizações.