Se nem todo filósofo deve ser historiador, seria ao menos desejável que todo historiador se tornasse filósofo'. Essa frase do inglês Edward Gibbon (1737-1794) encontra-se em seu escrito de estreia, Ensaio sobre o estudo da literatura, espécie de discurso do método da história filosófica, tal como praticada por seus predecessores - Tácito, Montesquieu, Hume. Em defesa da nova história, Gibbon não hesita em se contrapor a Diderot e d’Alembert, que na enciclopédia haviam reduzido a história a uma disciplina da memória. Contra essa banalização, Gibbon mostra que o gênio do historiador reside, sobretudo, no juízo acertado na escolha e interpretação dos fatos. Contra Rousseau, ele defende a dignidade da investigação aprofundada das transações políticas e militares e das maneiras dos homens, contra a hipótese arbitrária de um estado de natureza descolado da historicidade, que nos dispensaria de aceitar a história como instância que faculta a compreensão da natureza humana. Tendo meditado sobre essas questões de fundo, o jovem Gibbon se lança no estudo das fontes e documentos que permitem compreender a experiência histórica em filigrana.
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