Para aquelas pessoas que estão tendo o primeiro contato com o trabalho de Alan Silva é fundamental alertar que este não é um livro qualquer. Enquanto a quase totalidade das pessoas que se aventuram a escrever uma tese de doutorado de qualidade se consomem completamente neste processo, Alan Silva produziu uma quantidade tão significativa de dados, em torno de diferentes aspectos que envolvem as academias de ginástica, que foi capaz de nos oferecer não apenas uma tese de doutorado, na qual privilegiou a dimensão da dor em suas distintas dimensões, mas também esta obra que o leitor tem em mãos.
Aqui, com a mesma qualidade, ele analisa, de forma comparativa ao etnografar academias em bairros cariocas tão distintos como a Cidade de Deus e a Barra da Tijuca, como a utilização de suplementos alimentares e anabolizantes adquire significados que transitam entre as noções de saúde e de produção de corporalidades em que estes sujeitos se engajam. Desta forma, dicotomias como saúde/doença, beleza/feiura e natural/artificial são atravessadas pelos projetos que orientam o consumo dessas substâncias na busca por performances esportivas e corporais que devem ser pensadas de forma contextuais a partir das posições destes sujeitos nos espaços sociais em que circulam.