Em Cidade e poética a autora introduz uma nova disciplina: a psicologia ambiental. Em verdade, Teresinha nos surpreende com um estudo interdisciplinar, em que combina sociologia, antropologia, psicologia e ecologia por meio de um método novo, "a síntese poética". Usando como matéria prima os depoimentos de dez moradores do novo bairro Renascer, de Criciúma (SC), Teresinha presta-lhes ouvidos, encara-os com um novo olhar, procurando mostrar que "ser pobre, morar sobre os rejeitos, ser excluído, não intitulado, já não é o mais importante, mas ser gente, ser humano com uma fonte dentro de si, com uma subjetividade integrada, capaz de lutar e de fazer a 'síntese poética' é o que importa..."
A autora insere essas pessoas em uma moldura conceitual fornecida por teóricos como Bergson, Lefebvre e Milton Santos, que inovaram ao ver a relação tempo e espaço como resultado da leitura de atores que, inseridos em tempo e espaço determinados, redefinem as categorias "kantianas", emprestando-lhes sua subjetividade, vivência e criatividade.
O grande mérito do estudo aqui apresentado é a sensibilidade que a autora demonstra ter para com uma população excluída e miserável. Mas não se trata de uma sensibilidade vaga, tênue, leiga, daquela que faz da miséria humana um instante de passagem. O que Teresinha procura é compreender essa população em sua positividade e capacidade de sublimação sem fazer o louvor estetizante da pobreza. Procura, fiel ao pensamento de Walter Benjamin, para quem é necessário responder à estetização da política com a politização da arte, revelar a capacidade desses excluídos de politizar suas vidas com auxílio da arte. (Extratos do Prefácio de Bárbara Freitag).