Millôr Fernandes sempre preferiu, fugindo à efígie de artista, situar-se entre os profissionais da imprensa. Atuante no jornalismo desde 1939, ele construiu, paralelamente a suas várias habilidades plásticas, uma obra que se inscreve essencialmente no domínio da palavra - e agora é tema do 15º número dos Cadernos. Entre os destaques da nova edição incluem-se os depoimentos de Ariano Suassuna, Gianni Ratto, Carlos Lyra, Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo (reunidos em "Confluências"); a seção "Geografia Pessoal", com fotos do Rio de Janeiro - cidade em que Millôr nasceu e que subsidia seu trabalho - feitas por Edu Simões; uma longa entrevista e cinco ensaios dedicados ao "escritor sem estilo", como ele costuma se definir: Elias Thomé Saliba dedica-se ao patrimônio humorístico de Millôr Fernandes; a crítica Mariângela Alves de Lima se debruça sobre o seu teatro; Maria Sílvia Betti, doutora em Literatura Brasileira pela USP, enfoca as suas traduções teatrais; Sheila Leirner, ex-curadora-geral da Bienal Internacional de São Paulo, escreve sobre o Millôr artista plástico; e, a título de referência teórica, Márcio Suzuki assina texto sobre o humor e o riso na filosofia. O número conta também com trechos de Últimos diálogos - roteiro ainda não filmado, escrito a convite do cineasta Walter Salles - e duas peças nunca encenadas, além de uma série de ilustrações feitas por Millôr Fernandes em diferentes épocas e com distintos propósitos. Um encarte de frases selecionadas por Sérgio Augusto completa a edição.