Gaston Bachelard (1884-1962), figura exemplar da escola laica - bolsista de origem modesta, acabará por ocupar a cadeira de História e de Filosofia das Ciências da Sorbonne - é um pensador não convencional: baseando-se na física, na química e na matemática em plena revolução, mas também em Freud e em Jung (reinterpretados), construiu uma epistemologia de um racionalismo sutil que fez amplamente escola, compreendendo o progresso da ciência como uma sequência de descontinuidades; metafísico, opôs-se a Bergson quanto ao problema do tempo, defendendo uma filosofia do instante contra a filosofia da duração; renovou também a abordagem da poesia, dando uma importância inédita ao imaginário.
Examinamos aqui a abundante obra de Bachelard: sua epistemologia, a partir do "Ensaio sobre o conhecimento aproximado" até "O materialismo racional", passando por "A filosofia do não" e "O novo espírito científico"; sua "metafísica", reunida em "A intuição do instante" e "A dialética da duração"; sua poética, desde "A psicanálise do fogo" até "A poética do devaneio", passando por "A água e os sonhos" e "A poética do espaço".
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