A história de Héracles ('Hércules' na tradição latina) é uma das mais conhecidas da mitologia, e o semideus é retratado na literatura desde a Ilíada e a Odisseia. Dentre as tragédias gregas que chegaram até nós, 'As Traquínias', de Sófocles, e o Héracles, de Eurípides - que ora se publicam conjuntamente -, são as únicas que trazem o herói como protagonista. A ação do drama de Sófocles se inicia em Tráquis, onde a esposa de Héracles, Dejanira, aguarda o retorno do marido, afastado há tempos do lar para a conclusão de seus 'doze trabalhos'. O ponto de vista feminino é pontuado pelo coro das mulheres da cidade, que dão nome à peça. Quando Dejanira percebe que está perdendo o amor de Héracles, envia ao herói um presente com um feitiço para reconquistá-lo. O gesto terá consequências trágicas para ambos, desvelando aquilo que é uma das marcas da obra de Sófocles - as paixões humanas estão sempre sujeitas às insondáveis tramas do destino. Considerada por Ezra Pound como 'o ponto máximo da sensibilidade grega', 'As Traquínias' é apresentada aqui na inventiva tradução de Trajano Vieira, acompanhada de um ensaio da célebre helenista inglesa P. E. Easterling.
Redes Sociais