A diversidade dos textos aqui reunidos pode desorientar o leitor habituado à coerência austera da filosofia. Essa variedade não é fruto de preferências pessoais arbitrárias; nasce, muito mais, da descrição de experiências múltiplas que atravessam campos coletivos heterogêneos- filosofia e cinema, psicanálise e literatura, cotidiano e/ou psicose. Mas esse itinerário reenvia à intensidade de uma mesma exigência- como não soçobrar nas delícias de uma tolerância preguiçosa, travestida de relativismo pós-moderno? E isso sem cair na posição oposta, na restauração obstinada de normas e de dicotomias exauridas? Como pensar, como viver sem repetir fórmulas gastas, que mais paralisam que ajudam? Os ensaios desse livro arriscam-se a pensar criticamente na esteira de Marx, o cotidiano do capitalismo tardio, mas também, agora nas pegadas de Nietzsche, a desmanchar os valores privados e coletivos habituais: o trabalho, o esforço, o sucesso, as identidades afetivas e funcionais rígidas.
Redes Sociais