(. . . ) mudanças nas ligações internas e transnacionais dos Estados são consolidadas em um novo regime, que em contrapartida tende a fazer com que as lideranças governamentais queiram aquilo que as elites empresariais americanas querem. Por outro lado, o projeto envolve a garantia de que sejam os próprios países a assumir completa responsabilidade por o que quer que aconteça às suas populações. Desta forma, os benefícios da ordem global internacional caberão aos Estados Unidos, enquanto os riscos e custos podem ser distribuídos por outros países. Esta é a principal feição característica do projeto global dos Estados Unidos. Esta é a roleta global. - Peter Gowan Em A Roleta Global, Peter Gowan - editor da New Left Review e professor da University of North London - mostra como o processo de globalização tem sido dirigido pelo poder político e interesses do estado americano em uma aposta projetada para ampliar sua dominação da economia mundial. Gowan argumenta que desde a queda do bloco soviético, o governo americano vem tentando construir um império global - um mundo unipolar no qual apenas Washington poderia controlar e moldar todos os caminhos políticos e econômicos do mundo. Além do controle de zonas de influência através de intervenções militares ou políticas, o autor analisa esta manipulação através de elementos da macroeconomia, como as taxas de juros.
O autor explora as origens e formas distintas do "projeto imperial de Washington. " Da queda da nação soviética até a Guerra do Golfo em 1991, passando pelo desenvolvimento da União Européia, o crescimento da OTAN e o colapso financeiro do leste asiático. Analisa os efeitos catastróficos da terapia de choque neoliberal imposta na Rússia e Leste Europeu e desnuda a retórica dos ideais humanitários que encobriram intervenções em Bagdá e Belgrado para revelar as engrenagens da liderança dos Estados Unidos, que apostou alto no projeto que deveria ampliar sua dominação da economia mundial. O autor acredita que o "projeto faustiano" dos Estados Unidos está praticamente fadado ao fracasso, mas alerta que, se medidas extremas não forem tomadas contra a dominação americana, o mundo enfrentará uma séria catástrofe econômica muito antes do que se imagina.