Neste livro, Braga se coloca diante da tarefa de decifrar a relação entre o proletariado precarizado e a hegemonia lulista. Uma das inspirações do autor são as análises afiadas de Francisco de Oliveira, que priorizaram a reflexão sobre a 'formação do avesso' ao demonstrar a despolitização da classe trabalhadora como consequência do governo petista e das políticas públicas federais que alimentaram na última década o mito da superação da crise por meio do aumento constante do consumo popular. O livro é dividido em quatro capítulos, seguidos por uma coletânea de artigos escritos ao longo de 2011 e 2012. Tais 'intervenções' indicam o movimento de reflexão engajada de um pensador atento às dinâmicas históricas de seu tempo e às manifestações fragmentadas do processo de precarização em marcha. O estudo de Ruy Braga procura dar conta tanto dos processos econômicos estruturais (o fordismo periférico, sua crise, a passagem ao pós-fordismo financeirizado) como da dimensão subjetiva do proletariado precarizado (a angústia dos subalternos, a inquietação operária, a pulsão plebeia ou classista dos explorados). Essa atenção à subjetividade do proletariado precarizado, particularmente desenvolvida no capítulo sobre os teleoperadores da indústria do call center, é uma das contribuições para a análise da hegemonia em questão.
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